domingo, 27 de março de 2011

Miró e seu Tempo Vivido...

Joan Miró: «O Carnaval de Alerquim (1924-5)»
«A actividade revolucionária que fervia entre este grupo de poetas e aristas novos que sofreram as agruras e desilusões da Primeira Guerra Mundial coincidia com a convicção de Miró de haver necessidade uregente na descoberta de outros métodos e outro género de vida. Os dadaístas , com quem estivera em contacto em Barcelona como em Paris, tinham-se insurgido contra o convencionalismo da arte, pertencente a um sitema social que confirmava a sua insuficiência, mas o ardor destruitivo tornou-se afinal tedioso para aqueles que desejavam penetrar mais profundamente na natureza basilar da inspiração e da arte. O resultado foi o surrealismo.


Entre amigos recentes, os que Miré achou mais afins consigo foram Michel Leiris, poeta cultoo e introspectivo e antropólogo que amava e entendia os ritos primitivos e as formas exóticas da arte; Robert Desnos , poeta e explorador apaixonado dos labirintos perigosos da alucinação e da histeria; e o desconcertante distinto actor Antonin Artaud, que declamava o seu ódio à religião estabelecida em siscursos exaltados e exigia decisiso golpe para a libertação do espírito. "Abandona as cavernas da existência. Vem, o espírito vive fora do espírito. É tempo para deixar a pátria. Rende-te ao pensamento universal. A maravilha está na raiz do espírito."


Antes desta explosão, havia sido formulada mais claramente outra atitude, essa por André Breton no primeiro Manifesto do Surrealismo publicado em 1924. Desprezando argumentos violentos, os surrealistas chegaram à conclusão de que a arte só é válida quando tem um equivalente na realidade. Declararm que, falhando todas as tentativas de uma análise lógica da realidade, seria através do subconsciente, como Freud já dissera, que qualquer solução para um conhecimento mais profundo da consciência se tornaria possível.
A turbelência provocada pelas actividades dos surrealistas durante estes primeiros tempos representava para os estranhos ao caso a sua característica mais saliente. Mas além da determinação de reivindicarem a importância capital da arte na sociedade humama era a insistência em criar a fusão entre as imagens poéticas e as visuais o que Miró neles mais apreciava, assim  como a sua crença em que será válido qualquer esforço alargar a capacidade da nossa percepção. Com isto em mente, tornava-se necessário explorar todos os meios os domínios insondáveis do subconsciente. Sonhos, alucinações, até a histeria e a loucura constituíam sendas indicadas por onde seguir e passar sem impedimento para lá das fronteiras conhecidas.»


 PENROSE, Roland, Miró (trad. Cabral Nascimento), col. Grandes Artistas, Editorial Verbo, 15 Agosto,Cacém, 1972,pp.32-34

 Bem haja à Feira da Ladra e ao encontro de livros que ela nos proporciona. A cultura a um preço humanizado e o caminhar entre labirintos de tempo(s) vivido(s). "Em cada esquina um amigo " que deixou partes de si no mundo dos mundos 

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